Uma Trajetória de Inclusão e Acessibilidade: Minha Caminhada pela Cultura Acessível

[Itabira, MG] – O Instituto Alcântara🎓

Me chamo Silvana de Sá Ferreira e há mais de 20 anos dedico minha vida a algo que vai muito além da interpretação: a inclusão. Sou Professora e Tradutora Intérprete de Língua de Sinais, apta pelo CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimentos às Pessoas com Surdez), e desde o início da minha trajetória compreendi que a acessibilidade não é apenas um direito, mas um compromisso social que transforma vidas.

Minha caminhada começou em Belo Horizonte, onde me especializei em instituições renomadas, como UFMG, Pitágoras e PUC Minas. Cada etapa foi um desafio, mas também uma prova de que, com dedicação, podemos superar barreiras. A cada novo aprendizado, eu via a responsabilidade crescer: não se tratava apenas de dominar a língua de sinais, mas de abrir portas para que a comunidade surda pudesse ter seu espaço garantido em todos os ambientes — principalmente nos culturais.

A cultura, afinal, é para todos. Participar de shows, festivais, cavalgadas e tantos outros eventos, levando a acessibilidade a cada canto de Minas Gerais, tem sido uma experiência enriquecedora. Estive em Itabira, São Gonçalo, João Monlevade, Rio Piracicaba e Santa Maria de Itabira, sempre buscando garantir que os surdos pudessem não só entender o que acontecia no palco, mas sentir-se parte do espetáculo. Não há emoção maior do que ver a conexão que se cria quando as barreiras de comunicação desaparecem e o público se torna um só.

A presença de intérpretes em eventos culturais vai muito além de traduzir palavras: ela cria pertencimento. Quando interpreto uma música ou narro um momento importante, estou proporcionando a quem não ouve a chance de vivenciar a arte de uma forma plena. É um trabalho que exige sensibilidade e entrega, mas que me proporciona uma realização imensa a cada olhar emocionado e sorriso compartilhado.

Acredito que a inclusão cultural não é uma obrigação, mas uma necessidade urgente. Fundar a APASITA – Associação de Pais Amigos do Surdo de Itabira foi uma maneira de ampliar essa luta, criando uma rede de apoio para a comunidade surda e promovendo mais visibilidade para essa causa tão importante. Cada evento acessível que participo é um passo rumo a uma sociedade mais igualitária e humana.

Sigo nessa caminhada com a certeza de que a cultura precisa ser celebrada por todos, e que a acessibilidade é a ponte que nos conecta a esse ideal. Enquanto houver um palco aceso e um público esperando, lá estarei eu — interpretando, lutando e acreditando que a inclusão não é um favor, mas um direito.

Silvana de Sá Ferreira

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